O horror tem endereço: Amityville, número 112

Quando o assunto é Amityville, o medo é consequência natural. Escrevo esse texto com uma pulga atrás da orelha e com o medo arrepiando-me os pelos, mas não reclamo ou acho ruim, muito pelo contrário. Tudo é válido quando vejo logo adiante a possibilidade de falar sobre uma grande obra de terror e ter através disso a chance de convencer alguém que ainda não conhece a história por nenhum meio – como era o meu caso há pouco tempo – a se tornar um curioso e futuro leitor desse clássico. O livro de Jay Anson é uma porta que dá acesso ao medo e é sobre isso que eu estou disposto a tratar, pegando o relato sinistro de Amityville para construir o meu próprio e assim compartilhar com você, corajoso leitor, uma das minhas melhores experiências do ano.

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Pois bem, nada melhor do que começar apontando um fato: Amityville é sem sombra de dúvida a maior e melhor história de casa mal assombrada que eu tenho conhecimento. Não tenho em mente nenhum outro caso que seja tão poderoso quando o assunto é o que pode acontecer de mais estranho entre as paredes de uma casa, nem mesmo acredito que eu vá encontrar algo assim caso decida procurar mais a fundo. Darei uma pincelada sobre o que se trata Amityville para quem não tem nenhum conhecimento a respeito, a fim de tornar clara a experiência que tenho para compartilhar.

Em 1974, Ronald DeFeo foi julgado e condenado pelo assassinato de sua família na casa de número 112 da Ocean Avenue. Na ocasião, DeFeo matou seus pais, irmãos e irmãs enquanto eles dormiam, todos com um tiro nas costas. O lado sinistro dessa história começa aqui, pois além dos assassinatos, algumas coincidências tornam tudo muito mais interessante. Todas as pessoas da casa estavam dormindo de bruços quando foram assassinadas e, como se isso em si já não fosse curioso o bastante, ninguém ouviu o barulho dos disparos. Depois de um determinado tempo, outra família adquiriu e se mudou para a antiga casa dos DeFeo, dando inicio a uma sequência de acontecimentos que originou um dos casos de casa mal assombrada mais conhecido de todos os tempos.

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A partir de agora me atenho quase que completamente em contar um relato, ligando as minhas sensações com alguns pontos importantes do livro. Em primeiro lugar, não posso fugir do mais óbvio: o medo. Se você quer ler o livro de Jay Anson, se prepare para a sensação de medo. Assumo que o livro foi uma das coisas mais assustadoras com que já tive contato e explico o porquê. Sou cético, assumo minhas dúvidas com relação a diversos assuntos e por isso tive o privilégio de me sentir assustado pela leitura. A dúvida com relação ao sobrenatural é o que nutre a história, fazendo com que o livro ganhe força e seja relevante pelo simples motivo de não sabermos se o que está sendo contado aconteceu de fato ou não. O livro de Jay Anson traz uma história que em partes pode ser considerada verdadeira – a família Lutz realmente comprou a casa de número 112 da Ocean Avenue e passou 28 dias nela – mas não se preocupa em tornar a parte sobrenatural em uma verdade absoluta. Enxerguei isso de maneira muito positiva, é exatamente esse espaço para a dúvida que torna o livro especial. Senti Amityville me instigando e trazendo seus horrores para perto o tempo todo, mas ao mesmo tempo não me senti obrigado a acreditar naquela história. Isso é bom em qualquer livro do gênero, pois o bom e velho terror tem como característica a insinuação, deixando a decisão de crença para quem está lendo.

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É importante dizer que o medo de Amityville tem um foco: a famigerada casa de número 112. É incrível a maneira como o livro consegue nos preocupar a respeito dos eventos sobrenaturais que acontecem naquele local. Aos poucos fui ficando agoniado com o desdobramento dos acontecimentos e me sentindo temeroso pela família Lutz. A obra se aproveita do ambiente fechado para envolver o leitor e fazer com que ele se sinta parte de tudo que acontece; a apreensão é sentida de fato e o medo de que aquilo irá atingir as pessoas que ali vivem de forma irreparável se faz presente do começo ao fim. Amityville é uma história que tira o conforto do leitor, você – assim como eu – não se sentirá seguro em momento algum. No meu caso, acrescento que o livro expandiu seu alcance, fazendo com que eu sentisse medo da minha própria casa.

Parte do medo que senti se deve ao modo como Amityville é construído – Jay Anson é muito seletivo, escreve apenas o essencial para o relato. As 240 páginas são prova de que o autor soube trabalhar os fatos que tinha em mãos, entregando para o leitor o que existe de mais relevante no caso. O resultado disso é uma sequência de acontecimentos horrorizantes, um relato inesquecível e de tirar o fôlego. Fui instigado pelo sobrenatural e tive minha curiosidade despertada pelo caráter sombrio da história. Amityville é o terror de forma pura e concentrada, um clássico definitivamente assustador e indispensável.

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Pegue Amityville em uma noite chuvosa – ou num dia fechado, caso o medo fale mais alto –, mas não deixe de pegar essa preciosidade do horror. Se permita ter uma das experiências literárias mais assustadoras de todas e construa, assim como eu fiz, o seu próprio relato. Esta é uma obra que precisa ser sentida, uma história que necessita ser lida pelos que consideram o medo um dos sentimentos mais interessantes. Torço para que minhas palavras tenham sido o suficiente para que você decida se arriscar neste clássico do horror. Dê uma chance para o conteúdo assustador que existe entre as paredes dessa casa; Amityville é assombro garantido.

Livro recebido em parceria com a DarkSide®

 

 

6 comentários sobre “O horror tem endereço: Amityville, número 112

    • Casa assombrada é uma coisa muito perturbadora, a ideia de não ter segurança na própria casa é tenso demais. Fico feliz em ver que este clássico ainda consegue mexer com as pessoas ❤ Obrigado pela visita, querida!

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    • Sim, o livro foi lançado aqui no Brasil pela DarkSide Books, você o encontra nas maiores livrarias e sites online. Qualquer coisa é só me avisar que eu te ajudo. Obrigado pela visita!

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